segunda-feira, 13 de julho de 2009

MOTIVOS PARA AÇÃO

Em uma caminhada em Brasília para alugar um apartamento, encontrei D. Glaucia. Alegre e do alto dos seus 65 anos, ela nos contou a sua saga.

Segundo D. Glaucia, nos idos de 1954, aos 10 anos de idade, ela pediu à mãe, uma sandália Havaiana, o conhecido Chinelo, mas em um ambiente palperrimo, a pobre mãe lhe negou tal presente.

Cabe registrar que o pedido foi feito, porque a filha do prefeito usava uma Havaiana, então ela fez o pedido à sua mãe, a qual ajudava nos trabalhos da "Roça", porém não recebia pagamento algum.

Como pode se dar tal frustração na cabeça de uma criança? poderíamos esperar o que sempre acontece, o conformismo diante das imensas barreiras, como estar em uma cidade de interior, e não é qualquer interior, é o interior da Bahia, terra inóspita, longe, rude, implacáavel. Bem, ela reagiu e, com determinação, bradou - "Então vou-me embora, pois quero ter minha Havaiana".

aquele tempor não havia a lei "ECA" e assim, consegui uma família que a trouxe como Babá para Brasília. Dai constituiu a sua família, teve quatro fílhos, dos quais, três cursaram o superior, e atualemente cria uma neta.

Tudo que D. glaucia queria, ela consegui, e pesar que o início foi um par de Sandálias Havaianas.

Você ja descobriu qual é a sua Havaiana?

domingo, 24 de maio de 2009

A história poderia ter sido outra

José Pedro Fernandes é de Itabira, homem trabalhador, tem seus defeitos, mas quem não os tem? trabalhou na Usina de Monlevade, antiga Belgo Mineira, nos tempos que a empresa dava aos funcionários até o mingal para os seus filhos. Em 1970 se demitiu para realizar o seu ambicioso plano de ser dono do seu caminhão.

Tudo ia bem até que, em Janeiro de 1990, em mais uma viagem à Salvador, perto de Amargosa, pouco depois de Jequié, perto do km 573, no estado da Bahia, o Meu pai sentiu um frio cortar-lhe a espinha dorsal de cima a baixo, por mais que ele se debatesse, não conseguira evitar o inevitável.

A pouco mais de 40km/h, o seu caminhão não mais obedecia aos comandos de sua direção, e sem poder fazer absolutamente nada, de súbito vê seu ganha-pão se aproximar da margem esburacada da BR116 e chocar-se contra um pequeno barranco, não bastasse isto, é arremesado para fora da cabine.

Socorrido pelos Honrosos Patruleiros do Departamento da Polícia Rodoviária Federal, é atendido em Amargosa, no Hospital Regional, onde passou 5 dias, lá foi diagnosticado Fratura no Fêmur e logo seria necessário uma cirurgia que neste hospital não fazia.

Nesta época o antigo INPS, estava em uma interminável greve, e somente eram atendidos casos muito graves.

Neste interim, trouxemos meu pai para João Monlevade, e por 5 dias ficou internado, e para surpresa de todos nós ele ganhou alta médica sem fazer a cirurgia.

Minha Mãe, Sra. Maria José Fernandes é uma mulher de muita fibra, pois ela se viu obrigada a realizar uma operação com o posto médico de Monlevade e levar o pai para Belo Horizonte sem encaminhamento médico, afinal ele estava de alta médica. Foi atendida no Hospital Pronto Socorro, mas como estavam em greve, só realizaram inspeção para constatar risco dele morer, mas não o internaram, então foi buscar vaga em outro Hospital, ai ela conseguiu vaga no Hospital SOS, mas também não o operaram, voltando a dar alta médica.

Desta vês, ela ficou com ele em casa de parentes em Belo Horizonte, por vários dias, até conseguir uma vaga no Hospital São José. Neste hospital foi atendida por uma pessoa que abriu o jogo, informando que só atenderia à cirurgia se fosse particular, neste ponto ela chegou a tratar de vender o que restou do caminhão acidentado para pagar os custos e consegui um empréstimo com o Compadre Onofre. No dia seguinte o meu pai estava operado.

Bem, esta História poderia ter sido diferente se nós cidadão fosse-mos mais informados dos nossos direitos, através de uma escola descente.

Por não desejar isso às futuras gerações, compartilho aqui o calvário de minha mãe em busca de tratamento para o meu pai, e estou a propor uma ação contra a União por omissão na conservação das estradas que vitimaram meu pai, contra o sistema único de saúde por ter negligenciado o tratamento ao meu pai e aos médicos por omissão de socorro.